Protecção ou paranóia?

Um tema que me parece muito actual nos tempos que vivemos é o da fotografia de crianças em espaços públicos.Passo a descrever uma experiência minha recente:

Estava no Centro Comercial das Amoreiras a fazer a reportagem da campanha do Banco Alimentar Contra a Fome quando fui abordado por um cavalheiro que me disse secamente que tinha acabado de fotografar a filha dele e que tinha de apagar a imagem.

Consultei o lcd e lá estava, no plano de fundo, completamente desfocada, metade da criança a aparecer por trás de outro transeunte.

Depois de ultrapassar a forma desagradável como ele me tinha abordado, falei com ele calmamente, tentando explicar que estávamos num local público e que eu não estava a fotografar ninguém em particular, mas sim o conjunto da campanha. Mas, nem depois de lhe mostrar a imagem ele se convenceu e acabei por apagá-la para acabar com a conversa.

Infelizmente aquilo não ficou por ali... o dito cavalheiro plantou-se ao meu lado como um cão de guarda, enquanto eu continuava a trabalhar e a sua esposa e filha terminavam as compras junto da caixa.

Tive o cuidado de não voltar a enquadrar a criança em nenhuma foto, mas, mesmo assim, fui novamente "atacado" porque o Sr. desconfiou que algum fio de cabelo da sua prole teria sido registado!

Aí compreendi o que se passava... este Sr. acordou mal disposto e decidiu que eu era um bom alvo para descarregar as suas frustrações matinais, a pretexto de estar a defender a segurança da filha! Claro que não lhe mostrei mais imagem nenhuma no lcd e claro que lhe virei costas quando ele me começou a ameaçar que ia chamar a polícia! (E claro que ele, passados poucos minutos desapareceu para todo o sempre).

Para mim, toda esta situação foi uma aberração completa mas, infelizmente, o medo que se está a espalhar na sociedade, está a gerar comportamentos paranóicos nas pessoas. Os perigos existem, mas temos de manter algum discernimento e não começar a ver monstros a cada esquina!

Fica a opinião.