máquina

Fotografia Profissional

 

História de terror para fotógrafos.

Há uns anos, em plena sessão de retrato para um cliente comercial, ouvi um estalido no interior da máquina e fiquei com a sensação de que qualquer coisa se tinha soltado. O obturador parecia continuar a funcionar, mas nada de imagem, alguma coisa de muito errado se tinha passado!

Um componente no interior da minha Canon 5D, o espelho, soltara-se, ficando literalmente a chocalhar lá dentro! Retirei a objectiva com cuidado e ele caiu-me na mão! Não altura só consegui pensar “isto não pode ser bom…"

Com um sorriso nos lábios mas a tremer por dentro, pedi um minuto ao grupo que estava a fotografar. ("Fiquei sem máquina, fiquei sem máquina…! Bem, ninguém aqui quer saber, pensas nisso depois!")

Fui à mochila buscar a máquina suplente que levo sempre et voilà, a sessão continuou.

Vim a saber depois que se tratava de um defeito de fabrico que afectou aquela série e que a Canon já tinha reconhecido o problema e estava a fazer as reparações sem custos. Ufa!

“Mas porque é que não tens um seguro para o equipamento fotográfico, Gonçalo?"

Porque, pasmem, não há nenhuma companhia em Portugal que o faça! (Se eu estiver enganado, por favor avisem-me)

Ainda hoje o meu cliente não sabe que houve um problema sério durante esta sessão. O que ele sabe é que tudo resultou e que ficou com as fotos de que precisava.

Ser fotógrafo profissional não é só saber fazer boas imagens, é saber resolver problemas. Melhor ainda, antecipá-los. Não é barato ter duas máquinas em vez de uma, mas pode salvar-nos a pele!

 

Dêem-me tempo para respirar!

 

Na fotografia, a criatividade está a ser impulsionada pela tecnologia, ou, pelo contrário a ser limitada pelo seu rápido crescimento?

É indiscutível que conseguimos fazer muito mais com todas as novas ferramentas e as suas capacidades melhoradas (a sensibilidade e qualidade de imagem dos novos sensores, por exemplo, está a abrir todo um novo mundo de possibilidades), mas será que conseguimos acompanhar este ritmo e continuar a produzir trabalho significativo e bem estruturado? No limite, será que conseguimos produzir seja o que for, se nos quisermos manter a par de todas as novidades de equipamento? Sem falar nas dúzias de programas de edição de imagem e milhões de filtros disponíveis!

Eu sou todo a favor da evolução e adoro ter o poder de fotografar em condições praticamente sem luz, live view, vídeo, 10 frames/seg, etc, etc, etc… mas assim que me começo a habituar a uma máquina, sai logo outra que supostamente a torna obsoleta!

A arte precisa da ajuda de ferramentas para se materializar, claro, mas os artistas e criativos precisam de amadurecer (pelo menos um pouco) com essas ferramentas antes de mudar. Caso contrário, parece que nos estão a enfiar fast food pela goela abaixo!

A minha outra embirração é a forma displicente como consumimos arte na net (sim, eu também estou incluído!)

Um fotógrafo que eu admiro disse recentemente que nós estamos a desenvolver a capacidade de rapidamente olhar e processar visualmente uma grande quantidade de imagens, enquanto as "folheamos" na net. Permitam-me discordar… eu acho que sim, que nós olhamos para um monte de imagens todos os dias (redes sociais, revistas online, sites de fotografia…), mas será que verdadeiramente as vemos? Não. Não no sentido de lhes darmos mais atenção do que "giro", "hum", "fixe", "boa"… estamos sempre com uma espécie de pressa em passar para a imagem seguinte. Talvez porque elas são praticamente infinitas na net! E talvez isso nos esteja a reduzir a capacidade de distinguir boa fotografia, de fotografia… hum… como direi… "menos boa"?

Suponho que seja esta uma das razões porque eu gosto tanto de fotos impressas. Há tempo.

 

Bigger, Better, Faster, More!

Desculpem, 4 Non Blondes, por ter de vos roubar o título.

Hoje foi anunciada a máquina dos meus sonhos, a Canon EOS 1D X. Full Frame, 18 Mp, 3 processadores, 12 fps. Quero!!! Posso?....

Sou um fotógrafo profissional. Isto quer dizer que fotografo para clientes e que tenho a obrigação de criar excelentes imagens para eles quando sou contratado. Todas as vezes que sou contratado.

Mas, como fotógrafo, profissional ou não, padeço de um mal que nos afecta a todos, a cobiça pelo equipamento. Não me parece ilógico querer usar o melhor equipamento para criar as melhores imagens, pelo contrário, mas a questão é "que equipamento para que imagens?" E, sendo um fotógrafo profissional, surgem as questões que eu detesto. "O valor a pagar é justificável?", "É possível chegar aos mesmos resultados com um custo menor?", "Quanto tempo vai demorar a amortização?", "Os clientes vão querer pagar a diferença de qualidade?"

E vem-me à cabeça uma frase que ouvi recentemente num podcast (Goingpro), "primeiro arranja os clientes, depois compra o equipamento". Embora isto seja dito por quem vive num país onde alugar equipamento fotográfico não é uma anedota. Mas isso é outra história.

Assim, depois de estar 5 min em pé a gritar "viva, chegou finalmente a máquina por que eu tanto esperei!" e de começar preparar-me para esvaziar a conta do banco, sentei-me e escrevi isto como mantra, para tentar pôr algum bom senso na decisão.

Afinal, é bom não esquecer que quase todos os anos sai uma nova "máquina dos meus sonhos"... ;)

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Sorry for having to steal your title, 4 Non Blondes.

Today, the camera of my dreams was announced, the Canon EOS 1D X. Ful Frame, 18 Mp, 3 processors, 12 fps. Want it!!! Can I?...

I'm a professional photographer. That means I shoot for clients and I must create excellent images for them when I'm hired. Everytime I'm hired.

But as a photographer, pro or otherwise, I covet the gear. Wanting to have the best equipment to creat the best images doesn't seem wrong to me, on the contrary, but the question is "what equipment for what images?" And, being a professional photographer, the questions I hate come up. "Is the price justifiable?", "Is it possible to reach the same results at a lower cost?", "How much time will it take to pay off?", "Will the clients be willing to pay for the extra quality?" And  a phrase that a heard recently in a podcast (Goingpro) pops to my mind, "first get the clients, then get the gear". Although this is said by someone who lives in a country where renting photo equipment isn't a joke. But that's another story.

So, after 5 min of standing on my feet shouting "the camera I've been waiting for is finally here!", and preparing to empty my bank acount, I sat down and wrote this, as a mantra, to try and put some sense into the decision.

After all, let's not forget that almost every year "the camera of my dreams" is announced... ;)

icamera

Não é novidade nenhuma a utilização de objectivas externas na camera de um telemóvel, através de um adaptador. Mas esta ideia tem crescido e tem havido sugestões insistentes (nomeadamente no podcast This Week In Photo) para a comercialização de um suporte que contenha um sensor de qualidade (CMOS, CCD, como o das reflex) e um encaixe para objectivas (Canon, Nikon, etc), que depois use como interface um dispositivo tipo iPhone.  Já existem soluções a meio caminho (www.photojojo.com), mas ainda usam o sensor do próprio smartphone, o que limita muito a qualidade dos resultados.

Hoje deparei-me com mais esta novidade, muito interessante, onde o iPhone serve de LCD remoto da camera.

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It's no big news, the use of external lenses on a cell phone camera, through an adapter. But this idea has been growing and there have been repeated suggestions (namely on the This Week In Photo podcast) for the commercialization of a device containing a quality sensor (CMOS, CCD, like the ones in a SLR) and a lens mount (Canon, Nikon, etc), that would then use an iPhone as it's interface.

There are already some "half way" solutions (www.photojojo.com), but they still use the smartphone's sensor, which limits the quality of the results.

Today I stumbled apon this new interesting device, where the iPhone is used as the camera's remote LCD screen.