Gonçalo Barriga

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O que é que eu tenho para dizer?

Windsurf at Jericoacoara (Fortaleza, Brazil)

Desculpem se este post parecer demasiado egocêntrico, mas realmente é sobre mim.

É um cliché, mas há, de facto, momentos inesquecíveis na vida de cada um de nós. Sensações fortes que revivemos ao olhar para certas imagens, ouvir certas músicas, ler certos parágrafos de um livro...

As que eu mais gosto de revisitar são as de euforia. Que senti, por exemplo, ao praticar windsurf nas condições ideais, ao ver a paisagem do alto de uma montanha, ao voltar da praia com um grupo de amigos, ao pensar nas coisas extraordinárias que ainda vou fazer...

A segunda pergunta mais difícil que um fotógrafo (ou qualquer artista) pode fazer a si próprio é "o que é que eu quero dizer?" (A primeira é "o que eu faço é Arte?" Mas essa fica para outro dia...)

Quando a fiz a mim mesmo até senti calafrios... "a minha fotografia não transmite nada! São um monte de imagens soltas, sem um fio que as una..."

Depois, aos poucos e olhando com mais atenção, comecei a achar que não é verdade, que há pelo menos uma intenção nas minhas fotos, de capturar algum momento forte, seja em que circunstância for. Um olhar, uma corrida, um rasgo na água, alguma coisa que me guarde o momento. E que me relembre as emoções fortes de que tanto gostei!

O processo criativo é contínuo e progressivo, por isso, o que é hoje pode não ser amanhã.

O que eu penso tem evoluído, pelo menos em parte, com que me tem acontecido, mas tenho a certeza de que há coisas que não mudaram. Por isso desconfio (e espero) que a minha fotografia vai crescer, mas manter sempre uma forte ligação àquilo que sempre me atraiu - emoções fortes.

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What do I have to say?

Sorry if this post seems a little self centered, but it is in fact about me.

It´s a cliché, but there really are unforgettable moments in our lives. Strong sensations that we relive when looking at certain images, listen to certain musics, read certain paragraphs of a book...

The ones I most enjoy revisiting are those of euphoria. That I felt, for instance, while windsurfing in ideal conditions, while contemplating the scenery from the top of a mountain, while returning from the beach with a group of friends, when I think of all the extraordinary things that I'm still going to do...

The second hardest question a photographer (or any artist) can do to himself is "what do I want to say"? (the first is "is what I do Art?" But that we'll leave fore another day...)

When I asked this to myself, I felt a shiver ... "my photography says nothing! There a bunch of loose images, with nothing to connect them..."

Then, slowly and looking closely, I started to think that It wasn't true, there is at least an intention in my photos, to capture some strong moment, whatever the circumstance. A look, a race, a rip in the water, something that wil keep the moment. And remind me of the stong emotions that I enjoyed so much.

The creative process is continuos and progressive, so what is true today may not be so tomorrow.

What I think has evolved, at least in part, because what has happened to me, but I'm sure there are things that havn't changed. So I suspect (and hope) that my photography will grow, but will stay connected to what has always moved me - stong emotions.