Fotografia

Anatomia de uma Fotomontagem

"How fast do you want to go?

Passo 1: pegar numa fotografia antiga (e aborrecida!), tirada no Marvão

Marvão, Portugal

Passo 2: atirá-la para dentro do Photoshop e "maltratar" os píxeis até lhe espremermos a velocidade!*

Como diria o apresentador do podcast This Week in PhotoFrederick Van Johnson, “pixels were born to be punished!” (“os píxeis foram feitos para serem castigados!”)

*(neste caso, motion blur, noise, contrast, saturation)

velocidade na estrada

Passo 3: fotografar um biker com atitude

Ducati biker

Passo 4: juntar um com o outro e… BAM!

fotomontagem motociclista

Fotografia Profissional

 

História de terror para fotógrafos.

Há uns anos, em plena sessão de retrato para um cliente comercial, ouvi um estalido no interior da máquina e fiquei com a sensação de que qualquer coisa se tinha soltado. O obturador parecia continuar a funcionar, mas nada de imagem, alguma coisa de muito errado se tinha passado!

Um componente no interior da minha Canon 5D, o espelho, soltara-se, ficando literalmente a chocalhar lá dentro! Retirei a objectiva com cuidado e ele caiu-me na mão! Não altura só consegui pensar “isto não pode ser bom…"

Com um sorriso nos lábios mas a tremer por dentro, pedi um minuto ao grupo que estava a fotografar. ("Fiquei sem máquina, fiquei sem máquina…! Bem, ninguém aqui quer saber, pensas nisso depois!")

Fui à mochila buscar a máquina suplente que levo sempre et voilà, a sessão continuou.

Vim a saber depois que se tratava de um defeito de fabrico que afectou aquela série e que a Canon já tinha reconhecido o problema e estava a fazer as reparações sem custos. Ufa!

“Mas porque é que não tens um seguro para o equipamento fotográfico, Gonçalo?"

Porque, pasmem, não há nenhuma companhia em Portugal que o faça! (Se eu estiver enganado, por favor avisem-me)

Ainda hoje o meu cliente não sabe que houve um problema sério durante esta sessão. O que ele sabe é que tudo resultou e que ficou com as fotos de que precisava.

Ser fotógrafo profissional não é só saber fazer boas imagens, é saber resolver problemas. Melhor ainda, antecipá-los. Não é barato ter duas máquinas em vez de uma, mas pode salvar-nos a pele!

 

Raquel


Uma das coisas que faz dos atletas modelos especiais é capacidade que têm de trazer intensidade a uma imagem.
Além do corpo escultural (isso é comum a muitos outros modelos), conseguem poses de inacreditável elegância e força, com uma naturalidade que me faz duvidar que sejamos sequer da mesma espécie...

E, se for preciso afinar a expressão, basta pedir-lhes que se lembrem da última sessão de treinos, ou do esforço no final de uma prova… o olhar fixa-se e a determinação fica estampada no rosto!

Não é por acaso que muitas das vedetas do desporto se tornam também modelos fotográficos, vejam-se os casos do Cristiano Ronaldo e do Nelson Évora.

A Raquel foi ginasta de alta competição e, embora já tenha deixado as provas e esteja “enferrujada” (nas palavras dela!), continua a parecer absolutamente “sobre-humana” a qualquer pessoa que não consiga tocar com o nariz na ponta dos pés!

Dêem-me tempo para respirar!

 

Na fotografia, a criatividade está a ser impulsionada pela tecnologia, ou, pelo contrário a ser limitada pelo seu rápido crescimento?

É indiscutível que conseguimos fazer muito mais com todas as novas ferramentas e as suas capacidades melhoradas (a sensibilidade e qualidade de imagem dos novos sensores, por exemplo, está a abrir todo um novo mundo de possibilidades), mas será que conseguimos acompanhar este ritmo e continuar a produzir trabalho significativo e bem estruturado? No limite, será que conseguimos produzir seja o que for, se nos quisermos manter a par de todas as novidades de equipamento? Sem falar nas dúzias de programas de edição de imagem e milhões de filtros disponíveis!

Eu sou todo a favor da evolução e adoro ter o poder de fotografar em condições praticamente sem luz, live view, vídeo, 10 frames/seg, etc, etc, etc… mas assim que me começo a habituar a uma máquina, sai logo outra que supostamente a torna obsoleta!

A arte precisa da ajuda de ferramentas para se materializar, claro, mas os artistas e criativos precisam de amadurecer (pelo menos um pouco) com essas ferramentas antes de mudar. Caso contrário, parece que nos estão a enfiar fast food pela goela abaixo!

A minha outra embirração é a forma displicente como consumimos arte na net (sim, eu também estou incluído!)

Um fotógrafo que eu admiro disse recentemente que nós estamos a desenvolver a capacidade de rapidamente olhar e processar visualmente uma grande quantidade de imagens, enquanto as "folheamos" na net. Permitam-me discordar… eu acho que sim, que nós olhamos para um monte de imagens todos os dias (redes sociais, revistas online, sites de fotografia…), mas será que verdadeiramente as vemos? Não. Não no sentido de lhes darmos mais atenção do que "giro", "hum", "fixe", "boa"… estamos sempre com uma espécie de pressa em passar para a imagem seguinte. Talvez porque elas são praticamente infinitas na net! E talvez isso nos esteja a reduzir a capacidade de distinguir boa fotografia, de fotografia… hum… como direi… "menos boa"?

Suponho que seja esta uma das razões porque eu gosto tanto de fotos impressas. Há tempo.